Prometi a uma grande amiga que escreveria no meu blog a
respeito dela, todas as vezes que nos encontramos ela pergunta: “já escreveu no
seu blog sobre mim?”. Na verdade acho que ela quer saber como a vejo, por esse
motivo demorei tanto a escrever.
Conheci essa amiga a mais ou menos vinte anos, é uma pessoa
muito conservadora, séria, de poucos amigos, mas é conselheira, amiga e fiel. Mas
o que realmente me chamou atenção a respeito dela é que ela costumava sempre me
dizer uma frase: “quando eu era criança gostava de dançar, queria ser bailarina”
escrevendo até chego a ouvi-la falando isso. Quando a conheci era ainda jovem e
sempre a incentivei para que entrasse em uma aula, até me prontifiquei a ir com
ela, mas sempre ela dava uma desculpa que já era tarde demais e que o tempo já
havia passado. Os anos foram passando, e hoje depois de vinte anos ela continua
com a mesma frase, aliás, a frase mudou um pouco para: “a coisa que me
arrependo é de não ter sido bailarina, gostava tanto de dançar!”. Mais uma vez me
prontifiquei em entrar numa aula de dança com ela e a resposta foi a mesma: “já
é tarde, meu tempo já passou”.
Escrever sobre uma amiga é muito delicado, mas vamos lá, o
que acontece é que talvez ela gostasse mesmo de dançar, mas o medo paralisou
sua vida, não sendo uma desculpa para desistir de tudo o que sempre quis. Ela
precisaria quebrar regras, fazer loucuras por amor, dizer o que pensa, falar
bobagens, tirar brincadeiras sem graça como muitas vezes faço e principalmente
dar muitas gargalhadas da vida, dos erros e dos acertos. Mas para ela é muito
difícil, porque a prisão que ela se colocou é um muro muito alto e inalcançável.
Ela é prisioneira dela mesma, além do medo e o preconceito, o que ela achava
que iriam pensar dela falou mais alto.
Sinceramente não sei se em algum momento ela chegará a tomar
uma decisão, acho difícil, mas se ela resolver tomar coragem, independente do
que seja, vou dar todo o meu apoio.